Hoje, o iene japonês lidera entre as principais moedas, impulsionado por preocupações com possíveis intervenções cambiais. O ministro das Finanças do Japão, Katsunobu Kato, observou recentemente a ocorrência de movimentos bruscos e unilaterais na taxa de câmbio, ressaltando a importância de flutuações estáveis que reflitam os fundamentos econômicos. As declarações deram suporte ao iene, embora a incerteza política possa limitar seus ganhos.

Na semana passada, a coalizão de longa data entre o Partido Liberal Democrata (PLD) e o Komeito se desfez inesperadamente, enquanto a recém-eleita líder do PLD, Sanae Takaichi, aguarda a votação no Parlamento para ser confirmada como a primeira mulher a ocupar o cargo de primeira-ministra do Japão. O rompimento da aliança significa que Takaichi precisará buscar apoio de outros partidos para avançar com suas principais propostas de governo.

Ainda assim, a crescente instabilidade política pode representar desafios para o Banco do Japão, especialmente no que diz respeito à continuidade dos aumentos nas taxas de juros, o que tende a conter o fortalecimento do iene. Além disso, o otimismo gerado pela decisão do presidente dos EUA, Donald Trump, de reconsiderar sua postura sobre as tarifas contra a China, tem sido outro fator que reduz o apetite por moedas de refúgio.

Trump moderou seu discurso após ameaçar impor tarifas adicionais de 100% sobre as importações chinesas a partir de 1º de novembro, afirmando em sua conta na Truth Social que os EUA não pretendem prejudicar a China. Ele enfatizou que ambos os países desejam evitar perdas econômicas, o que contribuiu para amenizar os temores de uma nova guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo.

O dólar americano permanece dentro de uma faixa de negociação conhecida, sendo negociado próximo à máxima mensal, o que contribui para que o par USD/JPY evite perdas significativas no cenário global. No entanto, as expectativas dovish (mais moderadas) em relação ao Federal Reserve podem limitar a força adicional do dólar e restringir o potencial de alta do par.

De acordo com a ferramenta FedWatch, da CME, a probabilidade de um corte de 25 pontos-base na taxa de juros pelo Fed em outubro e dezembro é de aproximadamente 97% e 90%, respectivamente. Paralelamente, os traders também estão precificando possíveis aumentos na taxa de juros pelo Banco do Japão, diante da inflação persistente e de indicadores econômicos sólidos.

Enquanto isso, o fechamento parcial do governo dos Estados Unidos já entra em sua terceira semana, reflexo do impasse orçamentário que continua sem solução.

Do ponto de vista técnico, o USD/JPY tenta evitar uma reversão de tendência, embora os osciladores positivos no gráfico diário ainda indiquem potencial de alta adicional. Compras acima do nível psicológico de 152,00 podem impulsionar o par em direção à faixa de 152,70–152,75, e um rompimento sustentado acima desse patamar confirmaria uma perspectiva altista, projetando o preço à vista para a região de 153,00, com possibilidade de novo teste da máxima de oito meses, em torno de 153,25–153,30, registrada na última sexta-feira.

Por outro lado, uma queda abaixo de 151,56 pode atrair compradores na região de 151,15 (mínima de sexta-feira), seguida pelo nível psicológico de 151,00. Um rompimento decisivo abaixo desse nível deixaria o par vulnerável a um declínio mais acentuado, em direção ao nível psicológico de 150,00, com suporte intermediário próximo de 150,70.