Declarações políticas e econômicas recentes têm exercido impacto significativo na dinâmica do par USD/JPY. O presidente dos EUA, Donald Trump, expressou frustração com as prolongadas negociações comerciais com o Japão e não descartou a possibilidade de impor tarifas mais altas sobre as importações japonesas — até 30-35%, superando em muito os 24% anunciados anteriormente. Essas ameaças aumentam a incerteza nos mercados e podem exercer pressão adicional sobre a economia japonesa.

Enquanto isso, o governador do Banco do Japão (BoJ), Kazuo Ueda, enfatizou que, apesar de a inflação ter superado 2%, a inflação subjacente permanece, em geral, abaixo da meta. Qualquer decisão de elevar as taxas de juros dependerá das tendências futuras da inflação, incluindo o crescimento dos salários e as expectativas inflacionárias. O novo membro do conselho do BoJ, Kazuyuki Masu, também pediu cautela, destacando os riscos econômicos e desaconselhando um aperto prematuro da política monetária, embora um aumento de juros em 2025 continue sendo possível caso os riscos relacionados ao comércio se estabilizem.

Ao mesmo tempo, o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, afirmou que, não fosse pela política tarifária de Trump, o Fed já poderia ter iniciado a flexibilização da política monetária. Ele destacou que qualquer decisão sobre cortes de juros dependerá dos dados econômicos. Embora o mercado veja apenas uma baixa probabilidade de um corte na reunião de julho, a chance de redução em setembro já supera 75%.

Na terça-feira, o ISM Manufacturing PMI apontou queda na atividade pelo quarto mês consecutivo, mas o ritmo da contração diminuiu — o índice subiu de 48,5 em maio para 49,0 em junho, superando as expectativas do mercado, que projetavam 48,8. Isso sugere uma leve atenuação na desaceleração do setor industrial.

Além disso, o relatório JOLTS, do Departamento do Trabalho dos EUA, revelou que o número de vagas de emprego subiu em maio para 7,769 milhões, acima dos 7,395 milhões registrados em abril e superando a previsão de 7,3 milhões. Esse aumento indica demanda ainda firme por mão de obra, o que pode sustentar o mercado de trabalho.

No conjunto, esses fatores têm contribuído para a desvalorização do dólar americano a níveis vistos pela última vez em 2022, o que tende a limitar o potencial de alta do par USD/JPY e a manter os níveis técnicos atuais.

Hoje, para melhores oportunidades de negociação, vale a pena ficar atento à divulgação do relatório de emprego do setor privado (ADP). Na quinta-feira, o relatório oficial de empregos do setor não-agrícolas (Nonfarm Payrolls – NFP) será determinante para a trajetória do dólar, inclusive em relação ao par. Esses dados serão cruciais para avaliar a situação do mercado de trabalho e as futuras ações do Fed.

Do ponto de vista técnico, os osciladores no gráfico diário apresentam sinais mistos, indicando incerteza do mercado no longo prazo.

No entanto, há oportunidades para negociações intradiárias. A resistência está marcada pela média móvel simples de 200 períodos (SMA) no gráfico de 4 horas; acima desse nível, o par encontrará uma barreira em 144,50. Um rompimento acima desse patamar abriria caminho para um movimento em direção ao nível psicológico de 145,00.

Por outro lado, o par encontra suporte em 143,75, seguido por 143,30. O nível-chave é o número redondo de 143,00 — caso esse suporte não se sustente, o par pode continuar sua queda em direção à mínima mensal, aumentando a probabilidade de um cenário de baixa.