Tanto o inverno inesperadamente frio quanto o verão anormalmente quente esgotaram as instalações de armazenamento da Europa. Agora, é realmente difícil aliviar a escassez de gás natural.

Amos Hochstein, o conselheiro sênior do Departamento de Estado para a segurança energética, acusou o governo russo de fornecer gás de baixa qualidade. Ele supõe que algumas regiões europeias não terão gás suficiente para usar no aquecimento. Além disso, o clima é imprevisível e os meteorologistas advertem sobre um inverno frio. Enquanto alguns países comprarão gás caro, outros terão que alocar recursos por cotas.

O assessor sênior do Departamento de Estado para segurança energética ressalta que os suprimentos russos são "inexplicavelmente baixos", especialmente em comparação com o ano anterior. Hochstein acredita que "foi um movimento político ligado ao impulso da Rússia para prosseguir com o gasoduto Nord Stream 2".

Fitch, uma agência de crédito dos EUA, revelou duas razões principais para o déficit de gás. Elas foram o inverno frio do ano passado e o verão anormalmente quente. Todos adoram os dias quentes de verão, mas as usinas a gás tiveram que aumentar sua capacidade muitas vezes para garantir o funcionamento dos aparelhos de ar condicionado nas casas, organizações, restaurantes e escritórios. Não havia tempo para pensar no consumo econômico.

Ao mesmo tempo, a Gazprom da Rússia conseguiu cumprir todos os seus contratos de fornecimento de gás de longo prazo e se recusou a reservar capacidades adicionais para o trânsito de gás através do território da Ucrânia para setembro e outubro. Além disso, a empresa russa de gás comprou apenas um terço da capacidade de trânsito proposta da seção polonesa do gasoduto Yamal-Europa para o mês seguinte.

No final do verão, o Ministério de Energia da Rússia avisou que as reservas das instalações de armazenamento subterrâneo da Gazprom que deveriam cobrir o consumo durante o período de frio estavam se tornando menores. Ao mesmo tempo, representantes da empresa de energia russa relataram haver uma reserva especializada que ajudaria a enfrentar o frio.

Entretanto, Amos Hochstein continua a insistir que a gestão da Gazprom está apenas perseguindo o objetivo principal que é alcançar uma aprovação do gasoduto Nord Stream 2. Notavelmente, o gasoduto principal vai da Rússia à Alemanha através do Mar Báltico. Este gasoduto recém construído atravessa as zonas econômicas e águas territoriais de cinco países, incluindo Alemanha, Dinamarca, Rússia, Finlândia e Suécia. É óbvio que este gasoduto, que está trabalhando em plena capacidade, simplesmente não é lucrativo para os EUA, pois quer fornecer à Europa seu gás natural liquefeito. A administração de Joe Biden admitiu anteriormente que os EUA estavam em uma situação difícil por causa do Nord Stream 2. É por isso que as autoridades americanas estão tentando impedir o lançamento deste projeto.

Embora a construção do gasoduto já tenha sido concluída, ainda é impossível lançá-lo sem a permissão das autoridades reguladoras de Berlim e Bruxelas. O Parlamento Europeu já manifestou seus contra-argumentos em relação a este gasoduto, apoiando o assessor americano.

Um grupo de deputados do Parlamento Europeu já pediu à Comissão Europeia para investigar qual o papel da Gazprom nesta situação, para provar as manipulações da empresa russa de energia. Os deputados europeus estão convencidos de que os altos preços do gás anunciados pela Gazprom representam uma ameaça real e têm como objetivo obter permissão de Bruxelas para lançar o gasoduto.

A direção da Gazprom, por sua vez, fornece comentários cautelosos, explicando que a empresa fornece gás legalmente e de acordo com os pedidos dos consumidores, além de depender de suas capacidades existentes. A Gazprom também confirmou suas explicações com números: durante 8,5 meses de 2021, as exportações de gás para países não-CIS foram aumentadas para 138,6 bilhões de metros cúbicos ou 17,4% em comparação com o ano anterior.

Em geral, todos estes conflitos entre as principais potências levaram à crise energética na Europa. Como resultado, o preço do gás começou a crescer rapidamente. À luz da crescente economia do Reino Unido e da União Europeia, a escassa oferta não atende à crescente demanda. O fato é que no verão, os preços do gás começaram a aumentar muito rapidamente. Em junho, o preço desta matéria-prima na Europa era um pouco mais de 300 dólares por mil metros cúbicos. Entretanto, em 30 de agosto, o preço excedeu 600 dólares, em 9 de setembro, o gás custava cerca de 700 dólares e em 14 de setembro, 800 dólares. Notavelmente, em 15 de setembro, os preços do gás atingiram o nível mais alto de 982 dólares.